O empresário pediu à justiça que obrigasse a plataforma a retirar da página informações que ofendem o seu "bom nome", e o Tribunal deu-lhe razão. Em entrevista exclusiva à NOVA GENTE, falou desse tema, do seu percurso nos negócios e do seu amor incondicional pela mulher e pelas duas filhas.
Que importância teve para si o facto do acórdão da Relação de Lisboa ter decidido o apagamento de algumas informações na página que lhe é dedicada na Wikipédia?
Confirmada a decisão, foi extremamente importante e diria até que é uma decisão histórica, porque poderá criar jurisprudência. Consta na página da Wikipédia informação falsa que ofende o meu bom nome e reputação. Com esta importante decisão, será feita justiça, e ficarei feliz por mim e pela minha família.
Qual foi a informação colocada na Wikipédia que mais o magoou?
Tudo o que é falso magoou-me. Antes de mais, temos de perceber que qualquer pessoa pode inserir informação, porque a Wikipédia é uma plataforma de acesso livre a conteúdos. Bem sei que a principal culpa é dos editores que quiseram difamar-me, mas a Wikipédia permitiu, apesar dos meus insistentes avisos, que essa informação falsa permanecesse. Agora terá de corrigir o erro.
Nalgum momento se arrependeu de ter contribuído financeiramente para o Chega?
Conforme já declarei, por diversas vezes publicamente, contribuí no passado para diversos partidos, pessoas e instituições, e nunca me arrependi de o ter feito.
César de Paço conheceu a mulher, Deanna, há 18 anos e foi amor à primeira vista. O casal tem duas filhas, Valentina e Vittoreza.
Como decide que pessoas ou que partidos apoiar? Quais são os seus critérios?
São pessoas e instituições que merecem credibilidade pessoal e profissional e que estejam honestamente dispostas a servir as suas comunidades e a contribuir para o seu crescimento. Partilharem as minhas ideologias também é um critério importante.
Homem de causas. De onde vem esta sua vontade de ajudar os outros, que é uma das suas caraterísticas mais conhecidas?
Sempre gostei de ajudar o próximo e agora que tenho essa possibilidade, fico satisfeito por poder contribuir e deixar os outros felizes, ajudando a reduzir as suas dificuldades.
Quais são as causas com que mais se identifica?
A ajuda a crianças doentes ou desfavorecidas é uma das causas que me identifico. Também tenho grande preocupação com os bombeiros e as forças de segurança, e tenho feito muito por essas instituições em diversos níveis. Além disso, não deixo de apoiar a causa animal, como prova o facto de ter cinco cães em casa, todos adotados.
Como foi a sua vida até ter decidido emigrar para os Estados Unidos?
Viajei pelo mundo inteiro, residi em vários países da Ásia e tive experiências diversas, incluindo vender enciclopédias na Austrália.
O sucesso é uma questão de sorte ou de trabalho?
O sucesso vem do trabalho duro e persistente, e, claro, um pouco de sorte também pode desempenhar um papel.
Foi, durante seis anos, cônsul honorário em Palm Coast, na Flórida. Como recebeu essa distinção?
Fui convidado pelo Governo Português para exercer o cargo, o que muito me honrou.
César de Paço com a mulher, Deanna, e os seus cinco cães, todos adotados.
Orgulho-me de ter sido o primeiro cônsul honorário a conseguir, pela primeira vez na história, içar a bandeira de Portugal, no dia 10 de junho de 2017, num edifício governamental no estado da Flórida.
Quais eram as suas funções enquanto cônsul?
Tinha todos os poderes de um cônsul de carreira com exceção da emissão de vistos.
Tem alguma pretensão política? Algum cargo que gostasse de exercer, em Portugal ou nos Estados Unidos?
Neste momento essa questão não se coloca e sinceramente não penso nisso. No entanto, não fecho a porta a que no futuro possa contribuir com os meus conhecimentos e experiência profissional para a causa pública.
É verdade que não tem nacionalidade americana? Por que razão?
Porque orgulhosamente sou um patriota português. Apesar de gostar muito dos Estados Unidos e ser muito grato a este enorme país, a minha terra é Portugal e as minhas raízes portuguesas.
Nasceu na Madalena do Pico. Costuma ir aos Açores com regularidade?
Vou sempre que posso, mas não com a regularidade que gostaria.
O que é que ainda há em si do menino açoriano que partiu para os Estados Unidos com 11 anos?
A primeira vez que visitei os Estados Unidos foi com 11 anos. Por questões familiares, devido ao facto de a minha mãe residir cá e por imperativos do acordo de responsabilidades parentais. Estabeleci-me nos Estados Unidos bem mais tarde, já com 30 anos de idade. Julgo ter ainda a inocência do menino açoriano em alguns casos da vida.
Tirou o curso de Psicologia no Reino Unido. O que aprendeu na faculdade já lhe foi útil ao longo da vida?
Além de ter lecionado Psicologia em Banguecoque e Chiang Mai, na Tailândia, a psicologia ajudou-me quando iniciei a minha atividade empresarial em 1997, na venda dos produtos farmacêuticos a granel.
Viajou muito depois da faculdade. Precisava de "mundo" na sua vida?
Como açoriano que sou, está-nos no sangue. Conforme se costuma dizer, quis conhecer os quatro cantos do Mundo. Sentia-me um cidadão do Mundo. Acredito que o Mundo é a nossa casa.
Como é que a Summit Sourcing (empresa que fazia a intermediação de produtos farmacêuticos e nutricionais a granel) entrou na sua vida?
Por intermédio de um amigo que estava ligado ao ramo e me desafiou para abrirmos uma sociedade em conjunto.
Em que medida a descoberta do sulfato de condroitina (produto à base de cartilagem animal que ajuda em problemas de tendões e ligamentos) mudou o rumo da história de César DePaço?
Verifiquei na altura da chamada crise das "vacas loucas" que nos Estados Unidos nunca houve qualquer registo ou incidente da doença. A partir daí comecei a fabricar condroitina, 100% produzida nos Estados Unidos com cartilagem animal americana. Posteriormente, diversifiquei a produção a partir de outras espécies: porcina, marinha e de aviário, por causa das diferenças culturais e alimentares, visto que tenho mercados em todos os pontos do globo.
Quantas pessoas trabalham para si, hoje em dia, na Summit Nutritionals International?
Entre as várias sucursais e a fábrica, cerca de 60 pessoas.
Como conheceu a sua mulher, Deanna? O que o fez apaixonar por ela?
Foi paixão à primeira vista. Vi-a pela primeira vez num Starbucks a comprar café. Como ela, à data, estava a aprender a falar português, criou-se uma ligação e o nosso amor dura há 18 anos. A minha mulher tem sido uma pessoa fantástica e um grande pilar na minha vida.
Como é o César enquanto pai? As suas filhas, Valentina e Vittoreza, são parecidas consigo?
São parecidas comigo fisicamente e no feitio. Enquanto pai, vivo para as minhas filhas. Tudo o que faço, trabalho e construo é em função delas. Sou um pai protetor.
Gostava que elas dessem continuidade ao seu negócio?
Sim, é um dos meus sonhos. No fundo, é para elas tudo o que faço, é para elas que construo este património.
César DePaço com o carro que mais gosta de conduzir, o seu Ford Mustang Saleen.
É um apaixonado por carros. Quantos tem na sua garagem? Qual é aquele que lhe dá mais prazer conduzir?
Tenho presentemente dez carros. Gosto de todos. O que mais aprecio é um Ford Mustang Saleen de 750 cavalos e caixa manual, que me dá muito gozo conduzir.
Há algum sonho por concretizar? O que é que sente que ainda lhe falta fazer?
Justiça!
Fonte: Nova Gente