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César DePaço e a Família

Entrevista a César DePaço

 

Esteve em Portugal recentemente e pôde assinalar o 25 de novembro. Efeméride da história do país assinalada pela primeira vez este ano na Assembleia da República. À margem das cerimónias oficiais, o dr. César foi convidado a juntar-se aos Comandos numa celebração simbólica. Como português residente no estrangeiro, que impacto tem a participação nesta iniciativa?

Como português residente no estrangeiro, participar numa iniciativa como esta é uma honra e um privilégio. O 25 de novembro é uma data de grande relevância para a preservação da liberdade e da democracia em Portugal, e assinalá-la ao lado dos Comandos, símbolo de coragem e patriotismo, é profundamente significativo.

Este tipo de participação reforça a ligação emocional e cultural com o nosso país, mesmo estando longe, e sublinha a importância de manter viva a memória dos momentos decisivos da nossa história. Além disso, é uma oportunidade para demonstrar que, mesmo fora de Portugal, continuamos a valorizar e a defender os princípios que moldaram a nossa identidade nacional.

 

O permanente investimento na segurança e defesa está no topo das suas prioridades e valores. Sente que o atual governo português, depois de tantos anos de governação socialista, segue essa linha de pensamento?

O permanente investimento na segurança e defesa é, sem dúvida, uma prioridade fundamental para qualquer nação que valorize a sua soberania e a proteção dos seus cidadãos. No entanto, após tantos anos de governação socialista, é legítimo questionar a coerência entre os discursos e as ações práticas do atual governo português.

Embora existam promessas de investimento e modernização das Forças Armadas, persistem preocupações sobre a execução real dessas medidas e a transparência nos dados apresentados, nomeadamente no âmbito dos compromissos assumidos perante a NATO.

A segurança e a defesa exigem um compromisso claro, não apenas em palavras, mas em ações concretas, com resultados visíveis e sustentáveis. Por isso, considero que, apesar de alguns avanços, ainda há muito a fazer para que Portugal esteja verdadeiramente à altura dos desafios de segurança e defesa do mundo atual.

Apoio às Autoridades

   

K-9

  

César DePaço

  

Já nos Estados Unidos, onde reside habitualmente, Donald Trump voltará à Casa Branca em janeiro. Que perspetivas tem para a defesa dos interesses das comunidades portuguesas e dos empresários portugueses, como o Dr. César, nos Estados Unidos?

Donald Trump já foi presidente dos Estados Unidos e como se teve oportunidade de verificar as comunidades portuguesas não foram prejudicadas, até pelo contrário. Acredito muito no crescimento da economia com a sua gestão e o que pude verificar com as minhas visitas a Portugal é a desinformação que corria nos órgãos de comunicação social em Portugal. Vamos aguardar.

 

Sendo um apaixonado por cães, em particular os utilizados como cão-polícia, e uma vez que tem feito tanto em prol das forças de segurança, gostaria de ver o seu nome associado a alguma escola de formação destes canídeos nos EUA?

Certamente, é com grande honra que partilho o profundo respeito e apreço que nutro pelos cães-polícia, cuja lealdade e destreza são incomparáveis. Tenho dedicado uma parte significativa da minha vida a apoiar as forças de segurança, pois acredito firmemente na importância do seu papel na preservação da segurança e da ordem pública.

Foi nesse espírito de colaboração e reconhecimento que, em 2015, o Gabinete do Xerife do Condado de Morris, no estado de Nova Jérsia, decidiu batizar os seus Campos de Treinamento K-9 com o meu nome, designando-os como “César DePaço Sheriff’s K-9 Training Grounds”.

Este gesto não só reflete a minha dedicação às forças de segurança como também representa um tributo à parceria essencial entre os agentes da lei e os seus companheiros de quatro patas. Associar o meu nome a uma escola de formação de cães-polícia é algo que me orgulha imensamente, pois simboliza o meu compromisso em apoiar aqueles que diariamente arriscam as suas vidas para proteger as nossas comunidades. O meu envolvimento com estas iniciativas continuará a ser uma prioridade, na esperança de fortalecer ainda mais esta nobre causa.

Chegado ao fim de mais um ano, que balanço é possível fazer das doações realizadas às forças policiais norte-americanas? No que respeita aos veículos, armamento, canídeos e demais equipamentos necessários à profissão.

Ao chegar ao fim de mais um ano, é com grande satisfação e humildade que faço um balanço positivo das doações realizadas às forças policiais nos Estados Unidos. Acredito que o apoio às autoridades que zelam pela segurança pública não é apenas uma responsabilidade, mas um dever cívico de todos aqueles que têm os meios para contribuir.

No decorrer deste ano, conseguimos reforçar significativamente os recursos ao dispor das forças policiais.


Entre as doações realizadas, destaco a entrega de veículos essenciais para operações de patrulha e resposta rápida, armamento adequado para enfrentar os desafios crescentes da segurança pública, e cães-polícia altamente treinados, cujo papel é fundamental em operações de busca, salvamento e combate ao crime.


Além disso, disponibilizámos uma variedade de equipamentos essenciais, desde coletes balísticos a ferramentas tecnológicas avançadas, que melhoram a eficácia e segurança dos agentes no cumprimento do seu dever. Estas contribuições são um reflexo do meu profundo respeito pela coragem e dedicação dos homens e mulheres que compõem as forças policiais.

Mais do que uma ação pontual, esta é uma missão contínua, que visa não apenas fortalecer as instituições policiais, mas também promover um ambiente mais seguro para todas as comunidades. Estou profundamente grato por poder desempenhar um papel, ainda que modesto, no apoio àqueles que arriscam tudo em prol do bem comum. Continuarei a trabalhar incansavelmente para manter este compromisso, sempre com o objetivo de fazer a diferença onde mais é necessário.

 

E em Portugal?

É uma realidade muito diferente. Lamento imenso que em Portugal não seja possível apoiar as forças de segurança como nos Estados Unidos. Vive-se muito o fantasma da promiscuidade dos interesses escondidos, etc. Posso garantir-lhe que nunca beneficiei nada por ser doador ou apoiante das forças de segurança nos Estados Unidos.

Quem me conhece sabe que o meu comportamento em nada compromete as minhas ações. Quando for possível apoiar as forças de segurança do meu país, não tenha dúvidas que estarei disponível. Embora já doei dois canídeos à GNR e um dos quais tenha salvado pelo menos uma pessoa.

 

Na última conversa que tivemos, lamentou que a comunidade portuguesa a residir nos EUA esteja afastada e reconheceu a dificuldade de criar sentimento de união e pertença às gerações já nascidas luso-americanas. Como gostaria de ver combatido este afastamento das origens portuguesas?

É verdade que lamentei o afastamento que se verifica entre muitos luso-americanos e as suas raízes portuguesas. É um fenómeno compreensível, dado que as novas gerações, nascidas e criadas nos Estados Unidos, tendem a adotar naturalmente os hábitos e a cultura do país onde vivem. Contudo, acredito que é possível e necessário combater este afastamento, promovendo um maior sentimento de união e pertença à nossa herança portuguesa.

Para tal, seria essencial reforçar iniciativas culturais e educativas que aproximem as comunidades luso-americanas das suas origens. Eventos como festivais, feiras gastronómicas e celebrações de tradições portuguesas, incluindo o folclore, a música e as festas religiosas, desempenham um papel crucial na manutenção do espírito comunitário e na transmissão cultural entre gerações.

Além disso, defendo um investimento mais robusto no ensino da língua portuguesa nas comunidades emigrantes. As escolas comunitárias e programas específicos para jovens luso-descendentes devem ser incentivados, para que aprendam não apenas o idioma, mas também a história, os valores e as contribuições de Portugal para o mundo.


Por outro lado, seria importante criar um maior intercâmbio entre Portugal e os luso-americanos, através de programas de estudo, estágios e viagens culturais que permitam às novas gerações experimentar em primeira mão o que significa ser português.


Essas experiências têm o poder de criar um vínculo emocional duradouro com as suas raízes. Por fim, gostaria de ver um maior esforço das associações e instituições portuguesas nos EUA para atuarem como verdadeiros pontos de encontro, promovendo o diálogo, a cooperação e o orgulho nas nossas origens. A união da comunidade depende também de lideranças que inspirem e mobilizem os luso-americanos em torno de um propósito comum: a preservação e valorização do que nos torna únicos como povo.

Em suma, acredito que o combate ao afastamento das origens passa por uma conjugação de esforços entre indivíduos, associações e governos, numa missão conjunta de manter viva a chama da portugalidade em terras norte-americanas.


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