As condições em que as forças de segurança portuguesas mantêm as suas unidades K-9, particularmente no canil pertencente à Unidade Especial de Polícia, Grupo Operacional Cinotécnico da PSP no Porto, são absolutamente deploráveis e indignas. É inconcebível que animais tão leais e dedicados, que entregam as suas vidas à proteção e segurança dos cidadãos, sejam submetidos a um tratamento tão desumano. As instalações são vergonhosas, muito aquém do que se espera de um país da União Europeia. É lamentável dizer, mas já vi acomodações melhores para porcos em explorações agrícolas.
Estes K-9s não são meras ferramentas ou instrumentos de trabalho; são seres vivos, dotados de sensibilidade, que servem como parceiros indispensáveis dos agentes no cumprimento das suas missões. Merecem ser tratados com respeito e receber os cuidados adequados, não serem confinados em condições que violam até os padrões mais básicos de bem-estar animal. Apesar de a União Europeia possuir regulamentações rigorosas nesta matéria, Portugal parece ignorar estas obrigações quando se trata do tratamento dado aos seus próprios animais policiais pela PSP.
O estado lastimável deste canil no Porto é, infelizmente, apenas um reflexo de uma situação generalizada. Outros canis espalhados pelo país, tanto da responsabilidade da PSP como da GNR, apresentam igualmente condições precárias e inaceitáveis. É profundamente preocupante que instituições cuja missão é salvaguardar a segurança e a ordem públicas revelem tamanha negligência no trato dos seus próprios K-9s. Estes cães desempenham funções vitais, como deteção de substâncias ilícitas, busca e salvamento, e apoio em operações de alto risco, mas são alojados em instalações que atentam contra a sua dignidade e bem-estar.
A ausência de um investimento adequado em infraestruturas e recursos para as unidades K-9 revela uma grave falha na definição de prioridades do país, manchando o compromisso de Portugal com o Estado de Direito. Como pode uma nação que se proclama desenvolvida justificar este nível de negligência e desrespeito? Estes cães não são simples ferramentas descartáveis, mas verdadeiros aliados na aplicação da lei, demonstrando uma lealdade incondicional e um serviço incansável. Eles merecem ser tratados com dignidade e respeito.
É urgente e indispensável que se tomem medidas imediatas para corrigir esta situação. É necessário assegurar que os K-9s disponham de instalações adequadas, alimentação de qualidade, cuidados veterinários regulares e espaços apropriados para exercício. Tanto a PSP como a GNR, assim como o Governo Português, têm a obrigação moral e legal de garantir o tratamento humano destes animais. Esta não é apenas uma questão de cumprimento das normas europeias, mas de respeito por aqueles que servem com dedicação e bravura. O estado atual dos canis é não só uma vergonha nacional, mas também uma profunda falha de decência, ética e valores fundamentais.